quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Questões a se Observar na Geração de Energia a partir do Biogás

Biogás é o produto da ação de microorganismos que consomem a matéria orgânica, transformando-a em gás metano, o que é um combustível que pode aproveitado para máquinas térmicas transformarem em energia elétrica. Há vários tipos de matéria orgânica que podem ser convertidos em biogás, desde resíduos (lixo) até rejeitos da bovinocultura ou suinocultura. O grande benefício deste sistema é o tratamento que é destinado ao rejeito, possibilitando o aproveitamento na forma de energia, evitando o lançamento de gases que colaboram para o efeito estufa (metano), com consequente captura de créditos de carbono, além da transformação do subproduto desta geração em fertilizantes.





Porém, a grande questão envolvendo o projeto de biodigestores para geração de energia elétrica é a capacidade das bactérias metanogênicas em transformarem a matéria orgânica em biogás de forma eficiente, o que é conhecido por tempo de retenção hidráulica do efluente. Este tempo dura em média 30 dias, sem o qual esta transformação não é na sua melhor maneira. E normalmente, no início da operação, este tempo deve ser maior, até que o processo se estabilize. Além disso, como se trata de sistema de tratamento biológico, entram variáveis como a temperatura influenciando o processo. Quanto mais baixa a temperatura, menor será o metabolismo das bactérias e consequentemente isto amplia o tempo de retenção hidráulica.

E no que isto influencia o projeto de geração? Para promover a geração contínua, deve-se satisfazer a máquina térmica com a vazão contínua de biogás, o que é determinado pelo consumo da máquina. Contudo, para que o biodigestor atenda esta necessidade de consumo, além de realizar o tratamento adequado do efluente, eliminando os elementos indesejáveis deste, deve haver uma quantidade de rejeito suficiente para permanecer retido no biodigestor pelo tempo de retenção hidráulica necessário. Isto implica no projeto do volume do reator adequado para atender não apenas o consumo da máquina, como também a vazão de rejeitos que entram no biodigestor, que por sua vez está condicionado à taxa de geração destes rejeitos. Em suma, deve haver o equilíbrio entre o que entra (rejeito), o tempo de processo (conversão do biodigestor) e o que sai (biogás). Tal projeto exige uma análise criteriosa destas variáveis.

Houve um caso de um sistema de produção de suinocultura no sul do Estado em que o processo de geração de energia elétrica a partir do biogás para fins de consumo próprio e economia da conta apresentava interrupções no fornecimento. Estudos apontaram que o dimensionamento do reator anaeróbico (biodigestor) era insuficiente para atender o consumo do gerador e a vazão do efluente, gerando o problema, não ocasionando assim a economia esperada e ainda não tratando devidamente o rejeito, implicando em impactos ambientais no lançamento dos subprodutos do reator, o qual se esperava matéria para uso como fertilizante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário