quinta-feira, 29 de março de 2012

Por que a inovação Honda U3-X não me encantou

Recebi do amigo Cesário Simões (colega recém aposentado da Dígitro) este vídeo, a Honda reinventando a roda:


Mas por que não me encantei com esta inovação? A algum tempo atrás o coordenador da Telemática da Unisul, prof. Anderson André, procurou-me para um esforço em levantar possíveis patrocinadores para o projeto de TCC do aluno Marcos Passos, cujo objetivo era desenvolver um veículo similar ao Segway.
Aprendi muito neste envolvimento. Uma das coisas que soube é que a Segway, conhecedora das potencialidades de cópias e possíveis piratarias de sua inovação por certos países, preocupara-se em patentear sua ideia mundialmente, amarrando na descrição da patente uma série de características, visando dificultar o desenvolvimento de um veículo similar. O que está descrito na patente é algo que impede qualquer tentativa de se desenvolver e se registrar um veículo baseado no conceito do pêndulo invertido que empregue duas rodas acopladas a uma base, onde o condutor o dirige em pé através de um manete. Desnecessário dizer que esta informação levou por água abaixo qualquer tentativa de transformar o TCC em um plano de negócios.
Então, o que vemos no conceito da Honda? Exatamente um veículo que utiliza as abordagens de controle do pêndulo invertido (problema clássico de controle), mas com características que a primeira vista parecem inovações disruptivas, porém, olhando-se mais atentamente, percebe-se que buscam fugir do escopo da patente do Segway, uma vez que a condução é feita sentada e o veículo emprega apenas uma roda com dois graus de liberdade para rotação.
Trata-se então de processo inovativo? Obviamente que sim e uma bela inovação. Apenas suspeito que sua principal motivação seja fugir dos tribunais e de nossos amigos advogados, o que não deixa de ser um motor para se inovar. Contudo, deste jeito, parece que cai o encanto na capacidade humana de inovar, embora, como confidenciou um amigo engenheiro, com a facilidade no fluxo de informações e o acesso fácil ao conhecimento nos dias de hoje, é cada vez mais difícil ter uma ideia genuinamente original.

3 comentários:

  1. Bom o "feed-back", Djan!
    O caso é que patentes são, por vezes, assim, meio "fora da casinha"... Posso patentear um processo hoje não tão possível tecnicamente, inviabilizando inovações futuras... Veja o caso do BINA... ;-)
    Patentes, propriedade intelectual, direitos autorais, e coisa e tal, pra mim, são conceitos ultrapassados. Todo conhecimento deve ser patrimônio da humanidade. Todos devem ter o que respirar, o que beber, o que comer, moradia, educação, saúde... Bilionários não devem existir! Criaram´-se a partir dos recursos do planeta... Mas esse papo é meio transcendental prum comentário aqui do teu blog, h~?

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    1. Acho que não é transcendental, pode comentar à vontade! Estou mudando o foco deste blog. Eu compartilho de sua visão de que a apropriação do conhecimento é algo fora de cogitação. E isto explica um pouco o objetivo deste espaço. Talvez a nossa "era do conhecimento" esteja mostrando para a humanidade isto de forma mais evidente, veja as brigas de patentes entre as gigantes de TI, coisa beirando à insanidade.

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  2. Ah! Mais: Imagine se Benz ou Henry Ford tivessem patenteado o automóvel! K!

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