sexta-feira, 25 de março de 2011

O presente: A Robótica

O Blog da comunidade Freescale publicou o post Robots may be the answer to jobs in North America, onde mostra números que indicam um aumento nos postos de trabalho em manufatura em 2010 nos EUA, algo que não ocorria desde 1997, devido ao deslocamento das atividades de fabricação para a Ásia, notadamente a China. Os americanos parecem estar se dando em conta que, apesar dos custos da força de trabalho local serem maiores, questões de qualidade e de logística afetam pequenos e médios negócios que terceirizaram sua fabricação na Ásia. Apenas grandes corporações como Apple e HP conseguem tirar vantagem de fabricar na Ásia, pois têm escala que viabiliza a alocação de grandes estruturas fabris para a qualidade e a logística requerida.
Como então viabilizar a fabricação local para que tenha custos globais competitivos? A chave para isto é diminuir a interferência humana na manufatura, podendo ser alcançada através de:

  • Projeto de produto orientado à produção, tendo como meta a redução da atividade humana nas linhas de montagem - isto acarreta na diminuição da distância física entre P&D e produção;
  • Substituição do trabalho humano por robôs, que estão cada vez mais capazes e menos caros;
  • Agilidade no lançamento de produtos para se antecipar à chegada de similares vindos da Ásia, que levam mais tempo para chegar no mercado.
Ou seja, a sociedade americana indica uma necessidade por robótica e automação como motor de uma nova atividade relacionada às pequenas manufaturas no país. Inclusive alguns artigos anteriores a este no mesmo blog defendem a existência de uma nova era da mecatrônica, onde os indivíduos mais aptos e inovadores serão àqueles que conseguirem entender do software, hardware e da integração destes. Para tanto, defendem a adoção massiva de kits de robótica para introduzir e capacitar os jovens a lidarem com aspectos do hardware (acionadores, sensores, etc.) e da programação, movimento semelhante ao ocorrido na computação, onde o acesso de uma geração aos computadores pessoais criou uma massa crítica de desenvolvedores talentosos de sistemas, criando uma nova economia da informação.
Não se restringindo a este campo, hoje um desenvolvedor de software necessita cada vez mais entender da parte física, pois as aplicações do futuro serão aquelas que interagem com o ambiente através de sensores, como acontecem com certos Apps do Iphone/ Ipad que usam acelerômetros, magnetômetros, câmeras, GPS, etc., aquilo que vem sendo chamado de "sensorconomy".
Embora o post foi voltado para a realidade ianque, bem pertinho de nós temos um exemplo de iniciativa para viabilização da indústria eletrônica na região, nos moldes desta tendência: o Labelectron. Inclusive, pode-se refletir se aqui no Brasil não poderíamos ter a estrutura de pesquisa, desenvolvimento, inovação e fabricação competitiva para atender as demandas dos países ocidentais, uma vez que a proximidade com estes mercados nos daria a vantagem logística frente aos asiáticos. Para tanto, nossos governantes precisam fazer o dever de casa, dando prioridade para as políticas educacionais, industriais e de infraestrutura.
Interessante notar como os americanos valorizam a atividade fabril, a despeito de toda a linha que defende que "aos americanos deve ficar com o trabalho intelectual, mais rentável, deixando os asiáticos com o trabalho braçal".  A maioria deles acredita, no entanto, que boa parte da liderança inovativa dos EUA se deve ao alinhamento entre P&D e produção. E que nem todos terão a oportunidade de sentar nos bancos das faculdades e desfrutarem dos "altos ganhos" do trabalho intelectual. O resultado está aí, os índices de desemprego nos EUA.

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